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Super heróis podem sentir medo? A humanidade dos personagens de She-Ra e as Princesas do Poder

Recentemente finalizada, She-Ra e as Princesas do Poder só melhora ao apresentar personagens reais com conflitos e a caminhada para resolvê-los.
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O reboot de She-Ra passou por complicações logo no começo de sua exibição pela Netflix. Mostrando uma versão mais colorida e infantil da animação original, os fãs mais nostálgicos logo demonstraram certa rejeição por fugir tanto do visual já conhecido por eles.

No entanto, uma outra parte do público entendeu a importância da repaginada que Noelle Stevenson trouxe, mostrando personagens mais diversificados e promovendo um senso de identificação com os espectadores, algo tão importante na contemporaneidade.

Foram cinco temporadas da animação, até que o fim chegasse recentemente, no dia 15 de maio, com um desfecho impressionante e capaz de deixar algumas lágrimas ao longo da conclusão.

Com muitas lutas, poderes e o pensamento de que tudo vai dar errado, a última temporada de She-Ra trouxe algumas reflexões bem pertinentes ao mostrar o lado mais vulnerável de Adora, a protagonista, fazendo com que o espectador pudesse se conectar ainda mais com os momentos mostrados na série.

A personagem se viu diante do momento mais decisivo enquanto She-Ra: estava em suas mãos a oportunidade única de derrotar o maior inimigo de Etéria e salvar todos os seus amigos, mesmo que isso pudesse custar a sua vida. É então que surge o questionamento: o que ela quer fazer? Pode parecer uma pergunta básica, mas quando isso é mostrado na animação, é possível sentir o peso que aquela sentença tem.

É óbvio que Adora não quer arriscar sua vida e se entregar à possibilidade de nunca mais poder encontrar as pessoas que ama, mas é esse o peso que ela adotou para si. Ela tem que fazer isso para manter os outros vivos, e é exatamente esse desgaste que a personagem enfrenta ao longo de cinco temporadas: não apenas a pressão interna, dela com ela mesma, mas também de todos os cidadãos que confiam no poder e proteção da heroína.

No entanto, é importante colocar em perspectiva que não é só a She-Ra super poderosa que habita aquele pequeno corpo de uma adolescente. Existe também uma humana, cheia de medos, ansiedades e com um peso das expectativas alheias compartilhando aquele espaço.

Felizmente, a animação se propõe a resolver esse conflito de forma consciente, didática e compreensível para que todos os espectadores possam compreender aquele ensinamento: nem a pessoa mais forte é capaz de enfrentar tudo sozinha. Adora/She-Ra está cercada de pessoas que a amam e fazem de tudo para que ela obtenha sucesso em sua missão sem que sua vida seja colocada em risco. Cada um faz a sua parte, de modo que o inimigo maior, e comum a todos, seja derrotado.


Um outro ponto importante é que She-Ra mostra a importância da união entre diversas partes para dar fim ao mal que está atingindo a todos. Por mais que hajam diferenças, as princesas e demais cidadãos de Etéria fazem o que está ao seu alcance para contribuir com a vitória de She-Ra.

Pode parecer uma premissa básica a ideia de que a união faz a força, mas, analisando a realidade na qual estamos inseridos, é cada vez mais comum ver a fragmentação entre grupos que deveriam se unir em favor de um propósito conjunto, mas acabam se desgastando com desavenças internas.

She-Ra mostra, de forma clara e objetiva, que nenhum inimigo é o insuperável quando há um grupo dedicado e disposto a entregar o seu máximo durante a batalha. Não adianta apenas desenvolver estratégias, é importante colocá-las em práticas e ir, de fato, à luta.

O fato da animação ter conseguido entregar uma história tão sólida, diversificada e cheia de ensinamentos é uma forma de mostrar que um desenho com traços mais infantis, princesas e super poderes não é algo menor que qualquer animação classificada com um enredo mais “cabeça”.

É importante mostrar a diversidade em diversos meios, para que cada vez mais diversas parcelas do público comece a entender, de alguma forma, a normalização e o respeito pelo modo de viver do outro. Sejam crianças, jovens ou adultos que assistam à animação, de toda forma, a mensagem é fundamental e com certeza pode mudar a concepção do espectador sobre algum fato em sua vida cotidiana.

As cinco temporadas de She-Ra estão disponíveis na Netflix com episódios curtos, muitas cores e personagens realmente humanos, com emoções complicadas como todo mundo.

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