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Euphoria retrata e questiona, de forma agridoce, os conflitos cotidianos de jovens e adolescentes

Mesmo em seu caráter ficcional, Euphoria aborda o universo de jovens e adolescentes evidenciando os conflitos que circunscrevem o contexto social dos mesmos
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Para quem gosta de série, a indicação de hoje é uma produção produzida pela HBO, que trata de temas comuns na vida de adolescentes e jovens, mas que ainda são tratados como tabus. Como a série é de 2019, você encontrará facilmente várias críticas em sites especializados sobre séries. Porém, preparei um breve release tecendo, sem spoilers, alguns comentários sobre a produção. Se você procura uma boa indicação para assistir no final de semana, fica aqui a dica!

De forma bem ampla, Euphoria (2019) retrata a vida de adolescentes norte-americanos cuja realidade de cada um deles parecem se entrelaçar em determinado momento da série, mesmo que cada personagem possua suas particularidades no enredo. Até aí tudo ok, certo? A série, estrelada por Zendaya, vencedora do People's Choice Award na categoria Melhor Estrela de TV em Série Dramática, chamou a atenção da crítica especializada justamente pelo modo como as histórias são introduzidas ao público e principalmente por retratar, ainda que de forma ficcional, o drama enfrentado por jovens e adolescentes na contemporaneidade.

Sob um viés mais analítico, há vários questionamentos o qual a série se propõe realizar. Entretanto, o que me cativou na série foi a forma como esses questionamentos são realizados. A falta de diálogo com a família, por exemplo, e as reações em cadeia que sucedem a ação, neste caso a falta dela, são pertinentes (e até mesmo convincentes) para compreendermos os dilemas atuais os quais jovens (e por que não adultos?) vivenciam.  Ah, cabe ressaltar que a série possui uma classificação indicativa para maiores de dezoito anos, possibilitando, desta forma, que a série pudesse explorar melhor as cenas sem se preocupar com a audiência. Então, já dá pra ter um noção do que vem por aí?! 

Na produção, a sexualidade, por muita vezes, é questionada pelos personagens, o que acaba fortalecendo a trama já que são temas que rendem, do ponto de vista mercadológico. Corpos como objetos de prazer, amores não correspondidos, machismo estrutural e transfobia, são alguns dos tópicos abordados pela série, ainda que de forma sútil, mas que estão ali nas entrelinhas. Embora alguns críticos considerem a série apenas mais uma produção abordando a sexualidade como estratégia mercadológica, e de fato tem-se um apelo comercial intrínseco, Euphoria se desloca para além disso. No cerne da sexualidade, e o modo como os personagens se relacionam com ela, são inúmeras as lições às quais nos suscitam o interesse em descobrir como lidar com a mesma. 

O enfretamento sobre o uso de drogas ilícitas também permeia ao longo dos oito episódios. No entanto, diferentemente de muitas produções, a série não confronta o uso dessas substâncias, graças à classificação indicativa a qual permite um maior controle criativo sobre o que está sendo contado. A abordagem da série ao expor o uso de drogas e álcool pelos personagens não emerge de forma inócua, mas se propende questionar os limites do uso e quando isso se tornará um problema dada às relações de causa e efeito (ao assistir a série, talvez, irá fazer mais sentido). Se você é jovem ou adolescente (ou adulto), muito provavelmente também se questionará ou criará laços de identificação com algum dos personagens. Traumas, inseguranças, desafios, conflitos, seja qual for, o enredo exprime, literalmente, uma história cativante e ao mesmo tempo inspiradora (no melhor sentido possível).

Fique atento! O episódio da season finale foi amplamente questionado pela crítica e, também, pelos fãs. Acredito que a subjetividade transcende no final da primeira temporada, deste modo, acarretando inúmeras interpretações. O desfecho surrealista do último episódio, dependendo do telespectador, pode provocar tanto uma epifania como, também, gerar mais e mais questionamentos, sendo assim, um momento (e lugar) propício para despertar às percepções mais singulares possíveis. Mas, vale a pena assistir e tirar suas próprias conclusões. Ah, e não se esqueça de comentar com a gente o que achou.

Você encontra a série disponível no site da HBO ou clicando aqui.


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