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Os Sonhadores: Maio de 1968 e o Brasil de Bolsonaro

Em outubro de 2003, o cineasta italiano Bernardo Bertolucci lançava seu novo filme Os Sonhadores, na obra acompanhamos Matthew ...
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Em outubro de 2003, o cineasta italiano Bernardo Bertolucci lançava seu novo filme Os Sonhadores, na obra acompanhamos Matthew (Michael Pitt), um estudante americano que está em intercâmbio em Paris, o seu amor pelo o cinema, o faz frequentar a Cinemateca Francesa, onde ele conhece os gêmeos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green), a paixão pela a sétima arte faz com que os três se aproximem cada vez, certo dia os irmãos convidam Matthew para um jantar na casa deles, onde ele conhece os pais dos gêmeos, uma mãe britânica, casada com um intelectual poeta francês, na mesma noite, ele dorme na casa deles e descobre que Isabelle e Theo tem um estranho relacionamento. No dia seguinte os pais dos gêmeos saem para uma viagem, e Isabelle e Theo convidam Matthew para passar um tempo com eles em sua casa, onde a relação entre os três fica cada vez mais íntima e iniciam uma série de jogos sexuais e psicológicos envolvendo a temática cinema. 

Os Sonhadores é um filme de 2003 que passa na França de maio de 1968, mas seus temas e contexto histórico são válidos até hoje, no Brasil de 2020, mas para entender essa relação, primeiro precisamos entender o contexto da França de 1968 e como ela é retratada nos três protagonistas. 

Os movimentos de maio de 1968, foram icônicos para uma época de mudanças de valores acompanhados pela a proeminente força de cultura jovem. A liberação sexual, a guerra do Vietnã e a marcha pelos os direitos civis, serviram como pólvora de um barril construído pela a voz dos jovens que desejavam o fim do conservadorismo. 

No filme, os gêmeos Theo e Isabelle fazem parte desse movimento de luta anti-conservador, enquanto Matthew entra nisso por acidente, mas é ai que vemos o paralelo entre os protestos e a relação do irmãos com o seu novo amigo. Matthew durante todo o filme sempre toma uma posição conservadora, cedendo em alguns momentos para o seu lado mais “liberal”, e a sua nacionalidade é o que representa isso, ele é americano, e por mais que a América seja chamada de “A Terra da Liberdade”, os Estados Unidos sempre tomaram posturas conservadoras em relação a quase tudo, e isso é refletido em Matthew, seja em sua visão de cinema ou em seu desconforto em relação aos jogos dos irmãos, em poucos momentos sua postura conservadora é deixada de lado. Junto aos gêmeos eles observam os protestos das janelas de casa, e enquanto os Theo e Isabelle são unidos a causa, Matthew recusa toda aquela “violência”, meio como uma forma de representar o seu desejo de não-mudança. 

Isso se aplica ao Brasil de hoje, com o mandato Bolsonaro, cinemas fecharam, e a marginalização a arte se deu início, seja com a censura de quadrinhos como ocorreu na bienal de 2019, ou com a petição de retirada de um filme da Netflix. Hoje estudantes brasileiros se movimentam para o fim do conservadorismo no Brasil, enquanto os votantes de direita os marginalizam, isso é mostrado no filme, um filme italiano de 2003, sobre a França de 1968, praticamente mostra o Brasil de 2020.

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